segunda-feira, 9 de maio de 2011

Capitulo III

CAPITULO III

No dia seguinte, estavam a Margarida e a Patrícia a fazer o almoço, quando o telefone tocou. A Margarida foi atender:
-Estou?
-Olá Margarida!
-Miguel? Que surpresa.
-Estás bem?
-Sim, e tu?
-Também!
Houve um silêncio, uma pausa prolongada, nenhum dos dois se atrevia a falar, não é que a Margarida não tivesse nada a dizer, mas estava decidida a deixar que fosse ele a tomar a iniciativa, embora para ela o facto de no dia a seguir ele já lha estar a telefonar poderia ser considerada uma vitória. Passado uns momentos o Miguel finalmente falou:
-Eu queria perguntar-te se… (pausa) … enfim… (nova pausa) … tu sabes!
-Sei o quê?
-Estás a dificultar-me as coisas!
-Não, não estou, simplesmente, estou á espera que tu me digas porque me telefonaste.
-Gostavas de ir beber o café comigo?
O Miguel falou muito rapidamente, quase não dava para se perceber o que ele estava a dizer, a Margarida sorriu e disse:
-Gostava muito sim, mas já sabes que eu não vou sozinha, a Patrícia está cá portanto vamos as duas.
-Não há problema nenhum!
-Miguel…
-Sim, diz!
-Obrigado por o convite!
-Obrigado por aceitares!
A Margarida desligou o telefone, e olhou para a Patrícia, que ao ver a expressão do rosto da prima, descobriu logo o que se tinha passado:
-Eu não acredito, ele telefonou-te?
-Pois telefonou, perguntou se íamos tomar café, eu disse-lhe que sim, depois vai lá ter connosco.
-Ai, acho que me vou sentir a mais.
-Priminha, não vais nada, sabes bem que o facto de o Miguel ir não quer dizer nada, continuamos a fazer a nossa vida normal.
-Está bem, a Sónia e a Mariana também lá devem ir ter connosco portanto já não vou servir de vela!
-Ah, ah, ah, que piada, - Margarida levanta os braços - faz cócegas, faz, para eu rir com vontade.
-Doida!
-Sou, mas tu gostas!
-Fim de conversa Margarida, hoje ninguém te vai aturar.
E continuaram as duas nos seus afazeres. Depois deste convite para o café outros se seguiram, a Margarida e o Miguel sempre que tinham hipótese, estavam juntos, e assim se passou uma semana, claro que ainda não se conheciam, nem estavam perto disso, tinham conversas interessantes, o Miguel era divertido, e a Margarida adorava brincar, fazia-o rir muito, acabaram por se tornar cúmplices em algumas partidas que faziam á Patrícia, era sempre ela a vítima, mas como também era muito divertida não se importava e ria com vontade. No fim-de-semana a seguir, no sábado á noite, estavam os dois sentados, no caneiro na praia fluvial, e conversavam animadamente, o assunto desta vez eram filmes:
-Eu gosto mesmo é de filmes de acção. – dizia o Miguel – gosto dos filmes onde entra o Jean-Claud Van Damme, Bruce Lee, Arnold (ver o nome depois), e tu?
-Discordo completamente do teu gosto, digamos que os meus gostos vão mais para filmes de comédia e romance, não perco um único filme do Pierce Brosman, e aí também vejo alguns de acção, quando ele é o 007!
-Qual é o teu filme preferido?
-Pergunta difícil… - A Margarida faz uma pequena pausa e pensa – não te vou dizer um filme só, não consigo, digamos que se calhar eu tenho vários filmes preferidos.
-Então diz lá!
-Quando tinha doze ou treze anos, foi o Top Gun, com Tom Cruise, acho que não havia uma única adolescente na época que não estivesse apaixonada por ele, vi, revi, tornei a ver, se calhar atrevo-me a dizer-te que foi o filme que eu já vi mais vezes na minha vida…
A Margarida não chegou a acabar de falar porque mesmo por trás deles um espertinho decidiu tomar banho á noite e atirou-se para dentro de agua, e molhou o rosto dela todo, embora estivesse calor, mas a Margarida apanhou um susto enorme quando sentiu que a molhavam. Levantou-se e sacudiu o cabelo, o Miguel levantou-se também, e sem falar nada, passou-lhe uma mão pelo rosto para lhe limpar a água que escorria dos cabelos, olharam-se e no momento seguinte, o Miguel foi-se aproximando da Margarida, e os seus lábios tocaram-se pela primeira vez, um beijo natural, inocente, sem promessas nem sonhos, um simples beijo no calor do momento.
Afastaram-se, olharam-se, não havia vergonha nos seus rostos, simplesmente havia uma cumplicidade que ao longo da semana foi crescendo, o beijo, foi um gesto natural.
-Desculpa – pediu o Miguel.
-Não acredito, tu estás a pedir-me desculpa? Porquê?
-Não estás zangada?
-Porque achas que eu ficaria zangada?
-Não sei, foi tudo tão repentino, o beijo naquele momento pareceu-me uma coisa natural, não pensei, simplesmente aconteceu!
-Miguel, ainda bem que foi natural, se eu não quisesse que te me beijasses simplesmente tinha impedido, mas isso não aconteceu…
O Miguel não deixou que a Margarida continuasse a falar, agarrou-a e tornou a beija-la, desta vez já com mais convicção, desta vez um beijo que já trazia promessas, que já tinha nele algo mais.
Margarida estava feliz, durante a semana tinha gostado imenso do tempo que tinha passado com o Miguel, claro que apesar de terem alguns desacordos, toda a gente tem gosto diferentes, e isso faz de nós seres únicos e originais, teriam que adaptar as diferenças para que não entrassem em conflito. O tempo foi passando e os sentimentos entre ambos cresceram, não de uma forma assustadora, muito lentamente. O mês de Agosto passou e foi substituído pelo de Setembro, nessa altura os pais da Margarida já desconfiavam que alguma coisa se andava a passar, e temeram que ela deixasse para trás os seus sonhos e objectivos. A mãe da Margarida decidiu confrontar a filha:
-Margarida, não tens nada para me contar?
A Margarida estava sentada no sofá a ler um livro e foi apanhada de surpresa pela pergunta da mãe.
-Mãe, podes ser mais objectiva na tua pergunta?
-Posso, quero saber o que se passa entre ti e o Miguel, o colega do teu pai!
-Ah, isso, como sabes?
-Margarida, ultimamente sempre que tens saído ele tem feito parte do vosso grupo, realmente foste muito esperta não fazendo perguntas ao teu pai, mas, quase de certeza que vocês têm alguma coisa.
-Olha mãe, muito sinceramente não temos nada, por enquanto, digamos que andamos em processo de conhecimento, gostamos da companhia um do outro, mas, ainda não tenho nada para te contar.
-Margarida, tu vais começar uma nova etapa da tua vida, convinha que não te distraísses agora com um namoro que pode deitar por terra todos os teus sonhos.
-Mãe, eu não sou parva a esse ponto, e depois eu já tenho 18 anos, já não sou uma adolescente que vai fazer uma tempestade num copo de agua se as coisas não derem certo.
-Margarida, olha que tu vais estragar a tua vida!
-Mãe, escuta, eu não namoro com o Miguel, se eu vier a namorar com ele, podes ter a certeza que tu e o pai vão ser os primeiros a saber, por enquanto, eu não te posso dizer mais nada, … oh mãe, … eu já não sou uma criancinha, eu estou a crescer, faz parte da vida, tu já tiveste a minha idade!
-Eu sei Margarida, mas naquela altura os tempos eram outros, eu não tinha as responsabilidades que tu tens, eu já trabalhava!
-Mãe, quantos anos tinhas quando começaste a namorar com o meu pai?
-Tinha dezoito anos, mas namorei com ele cinco anos.
-Eu tenho dezoito anos, o meu curso é de cinco anos, portanto ainda tenho muito tempo pela frente, para pensar no que fazer mais o Miguel, isto volto a dizer-te, se eu algum dia namorar com o Miguel.
Embora a mãe não tenha ficado muito convencida, deixou de fazer perguntas á Margarida, tinha que lhe dar um voto de confiança, afinal ela era a única filha que tinha, talvez por isso também não compreendesse que estava a pôr os seus sonhos altos demais. Até ao momento a Margarida nunca tinha dado grandes dores de cabeça aos pais, o grupo de amigos há muitos anos que era o mesmo, nunca lhes escondia onde ia nem com quem ia, sempre que havia algum problema ela tinha o à-vontade de falar com a mãe.
O tempo continuou a passar, a Margarida e o Miguel cada vez mais gostavam de estar um com o outro, nessa altura ela afastou-se um pouco dos amigos para estar mais com ele, mas era perfeitamente normal, trocavam uns beijos, davam as mãos, havia demonstrações de carinho, falavam, falavam muito, mas ainda nenhum se sentia preparado para assumir algo mais que uma amizade que estava a crescer, chamar-lhe amizade se calhar já seria pouco, mas nenhum dos dois se manifestou de outra forma, ate ao final do mês de Setembro. Nessa altura a Margarida soube que tinha entrado na Universidade de Coimbra no curso que tinha escolhido, ficou feliz da vida, telefonou logo ao Miguel a contar-lhe:
-Miguel, não vais acreditar!
-Então Margarida, porquê essa felicidade toda?
-Entrei no meu curso, … Miguel estou tão feliz!
-Parabéns Margarida, fico muito contente, muito contente mesmo por ti!
O Miguel não ficou assim tão contente como quis demonstrar, tinha-se apaixonado mesmo pela Margarida, e ela ir para Coimbra, significava menos tempo junto dela, significava que ela ia conhecer novas pessoas, e também podia significar que o Filipe iria muitas vezes ter com ela lá, e isso era impensável na cabeça do Miguel, tinha que haver uma forma de segurar a Margarida, tinha de pensar em algo.
A Margarida não tinha acesso a estes pensamentos do Miguel, ingenuamente achava que ele tinha ficado contente pela entrada dela na Universidade.
Nesse mesmo dia á noite a Margarida foi ter com ele como era o seu costume, achou-o um pouco calado:
-Passa-se alguma coisa?
-Não, porque dizes isso?
-Não sei, acho-te um pouco calado e estranho hoje!
-Deve ser impressão tua Margarida!
-Eu ainda não te conheço bem, mas… que estás esquisito, isso estás!
Inesperadamente o Miguel levanta-se, pega na mão da Margarida e diz-lhe:
-Vem comigo!
-Onde?
-Já vais ver!
De mão dada foram os dois ate junto do carro do Miguel. A Margarida começou a ficar assustada, pois não tinha dito nada aos pais :
-Miguel, onde vamos?
-Calma, Margarida, eu não te faço mal, parece que estás com medo de mim.
-Não, não é isso, só que eu quando vou para algum lado costumo avisar os meus pais e hoje não lhes disse nada.
-Mas nós não vamos a lado nenhum, vamos só ao meu carro!
Chegados ao carro, o Miguel abre a porta do lado do condutor e tira de lá uma rosa vermelha, linda que põe em frente do rosto da Margarida:
-Uma rosa, para a rosa mais linda que um dia apareceu na minha vida!
Margarida sorriu, olhou para o Miguel:
-Miguel é linda, obrigado! Porquê esta flor hoje?
-Margarida, pensei muito em como te dizer isto, pensei nos tempos antigos, e se calhar deveria estar de joelhos, mas… a rosa é vermelha, é sinal de amor, Margarida, eu amo-te, queres namorar comigo?
A Margarida que não estava nada á espera daquela declaração, ficou muda de espanto a olhar para o Miguel, da sua boca não saiu uma única palavra, estava feliz, o Miguel gostava dela, ela também gostava dele, mas mesmo assim apanhou-a de surpresa. O Miguel é que já estava a estranhar o seu silencio e começou a ficar inquieto.
-Margarida?
-Sim
-Margarida, mesmo que a tua resposta seja não, por favor diz-me alguma coisa, seja qual for a tua resposta, mas por favor fala!
-Sim, Miguel já te disse que sim, eu quero namorar contigo, eu também te amo, estes dias que temos passado juntos têm sido fantásticos, gosto de falar contigo, de estar do teu lado, gosto da nossa cumplicidade.
Abraçaram-se os dois. Na cabeça do Miguel o seu plano tinha dado resultado, ela já era sua, já ninguém lha tirava! O Miguel era louco pela Margarida, mas havia uma característica que ela ainda não conhecia dele, o ciúme, o Miguel era muito ciumento, ao contrário da Margarida, não era uma pessoa, com muita confiança em si, se ele tivesse confiança em si mesmo, percebia que a Margarida apesar de ser muito amiga do Filipe já havia abdicado da sua amizade, já se havia afastado um pouco do grupo de amigos para aproveitar todos os momentos que tinha com o Miguel, mas no meio da sua insegurança e egoísmo, e o Miguel nunca se apercebeu disso, ele queria a Margarida só isso lhe importava.
Claro que quando os pais da Margarida souberam, a mãe não ficou muito contente e disse isso mesmo á Margarida:
-Olha Margarida, eu acho que isto não era preciso, filha, tu em Coimbra podes conhecer outra pessoa, podes escolher alguém que seja como tu, já pensaste que amanha o Miguel pode-se sentir mal por tu seres formada e ele não?
-Mae, quantos obstáculo agora te deu para pores na minha vida, o Miguel pediu-me em namoro, não me pediu em casamento, quem te ouvir falar há-de pensar que eu abdiquei de tudo na minha vida para ficar com ele.
-Margarida, pensa bem no que eu te digo, tu vais estragar a tua vida por um impulso que estás a ter agora.
-Mae, eu não vou desistir da universidade, eu não lutei tanto para chegar aqui, para de um momento para o outro deixar escapar o meu futuro das mãos, por favor confia em mim, eu gosto do Miguel, mas ainda faltam anos para me casar.
-Mas o Miguel é diferente de ti, que futuro vês com ele?
-Mãe, que futuro vias tu com o meu pai? O que é que vocês são mais do que eu e o Miguel?
-Margarida, deus queira que tu nunca te arrependas do que estás a fazer e que não venhas por causa dele a estragar o teu futuro.
A mãe da Margarida deixou-a ficar sozinha. Margarida não entendia porque é que de um momento para o outro toda a gente estava a implicar com ela por causa do Miguel, o que estaria errado com eles? Será que se fosse outra pessoa os pais iriam reagir da mesma maneira? Será que ela estava errada? Nunca na vida lhe tinha passado pela cabeça deixar de estudar por causa do Miguel, nunca haviam falado disso, mas ele sempre a tinha apoiado, tinha ficado tão feliz por ela quando lhe contou que tinha entrado na faculdade, porquê? Tantas dúvidas e nenhuma resposta!
Em Outubro a Margarida regressou a Coimbra, onde passava a semana toda, vindo a casa só aos fins-de-semana, desde o inicio o Miguel sempre mostrou vontade de ser ele a ir buscar a Margarida á sexta-feira, claro que ela não se importava nada com isso, quanto mais cedo o visse, melhor, já chegava bem estarem separados os outros dias.
Num sábado de Outubro a Margarida sabendo que o Miguel ia estar ocupado a tarde toda a ajudar a mãe, combinou com a Sónia e com a Mariana para conversarem, á muito tempo que não saía com as amigas e já tinha saudades desses tempos. E assim encontraram-se como era costume delas no café junto á praia fluvial.
-Olá meninas? – Cumprimentou a Margarida
-Margarida, quanto tempo, pensava que já não tinhas tempo para nós! – disse a Sónia.
-Agora só pensa no amor dela! – Disse a Mariana.
-Nada disso. O Miguel não tem culpa nenhuma de nada, com a confusão de voltar para Coimbra e o stress da Universidade não tive muito tempo livre. – Respondeu a Margarida
-Onde anda ele hoje? – Perguntou a Mariana – até admira não estarem juntos.
-Hoje á tarde está ocupado, foi ajudar a mãe dele a fazer qualquer coisa e portanto não veio ter comigo, eu também não me incomodei muito porque tinha umas coisitas para estudar, e também queria estar com vocês como nos bons velhos tempos. Mas contêm-me lá as novidades! – Pediu a Margarida
-Eu já arranjei emprego! – Disse a Sónia.
-Que bom, quando começaste a trabalhar? – Perguntou a Margarida.
-No princípio do mês de Outubro! – Respondeu a Sónia.
-Bem, eu não sabia, estamos quase no fim do mês. – Disse a Margarida
-Andas perdida no teu mundo! – Disse a Mariana.
-Não sejas assim tão mazinha prima! - Disse a Margarida – e tu, como está a correr o segundo ano de enfermagem?
-Cada vez mais difícil, eu nem quero pensar para o próximo ano, ainda por cima com estágio e tudo. – Disse a Mariana.
-Algum caloiro giro? – Perguntou a Margarida.
-Por acaso até lá há um muito giro, é caloiro mas já é mais velho que eu, só que atrasou os estudos por causa de fazer a tropa e só este ano é que entrou.
Assim continuou a conversa, a Margarida nem deu pelo tempo passar, pois estava muito entusiasmada por estar com as amigas. Quando chegou a casa a mãe já lá estava, olhou para ela e estranhou estar sozinha, afinal desde que a Margarida começou a namorar com o Miguel eles andavam sempre juntos, para a mãe a Margarida mudou da noite para o dia, mas ela continuava atenta, uma vez que achava que a filha ainda não se tinha apercebido das alterações que a sua vida tinha sofrido.
-Vens sozinha? – Perguntou a mãe.
-Sim, porquê?
-O Miguel não foi ter contigo?
-Não mãe, estive até agora com a Mariana e a Sónia, como eu te tinha dito, e o Miguel não apareceu lá, alias nem sequer estava á espera que ele aparecesse, ele disse-me que ia estar a tarde toda ocupado a ajudar a mãe.
-A tarde toda não, desde as quatro horas que ele não faz outra coisa senão ligar aqui para casa á tua procura.
-Não lhe disseste para onde tinha ido?
-Disse! Agora a última vez que ele ligou eu disse-lhe que se te queria alguma coisa importante que fosse ter contigo, mais não podia fazer.
-Que estranho! Mas também não estou nada preocupada, estive toda a tarde onde te disse, e não tenho que lhe dar satisfações da minha vida.
-Pois, mas parece que ele não pensa assim!
-Então que comece a pensar, ele é só meu namorado, não é meu dono, e por enquanto as pessoas a quem eu tenho que dar satisfações ainda é a vocês. Vou tomar banho.
A Margarida ficou a pensar no que a mãe lhe tinha dito do Miguel, realmente estava a comportar-se de uma forma muito estranha, mas talvez fosse por namorarem ainda á tão pouco tempo, ou então por ela não o ter avisado que ia sair com as amigas, não ia estar a perder tempo com essas palermices.
Nesse dia depois do jantar o Miguel foi buscar a Margarida e ia com cara de poucos amigos:
-Olá Miguel. Estás cansado?
-Estou, fartei-me de trabalhar a tarde toda a ajudar a minha mãe!
-Podias ter dito, e não vinhas cá, assim descansavas mais umas horas.
-E tu o que ias fazer?
-Ficava em casa, ou então ia sair com a Sónia e a Mariana, há tanto tempo que não estou com elas…
O Miguel nem deixou a Margarida acabar de falar e disse:
-Não me digas que não estás com elas assim há tanto tempo.
-Miguel, estive esta tarde com elas no café, e tu sabes bem, afinal fartaste-te de ligar para minha casa á minha procura, se estavas com tanta pressa para me encontrar tinhas ido ter comigo, a minha mãe disse-te onde estava.
-Tive medo daquilo que podia encontrar.
-Não entendi Miguel, desculpa, devo estar lenta!
-Será que estavas mesmo com elas? Ou será que foste matar saudades do teu amigo Filipe?
Para a Margarida naquele momento teria sido mais fácil se o Miguel lhe tivesse dado uma bofetada, estava a desconfiar dela, da sua palavra, ela que já tinha alterado tantas coisas na sua vida para estar com ele, não estava tanto com as amigas como gostava, afastara-se mesmo do Filipe para não haver confusões e o Miguel mesmo assim desconfiava dela? Não, não podia ser, aquele não era o Miguel que ela conhecia… ou será que conhecia mesmo?
-Miguel, eu não acredito, tu não disseste isso pois não? Tu desconfias de mim?
-Desculpa Margarida, eu falei sem pensar, claro que eu não desconfio de ti, se desconfiasse não estava agora aqui contigo.
-Espero que isto não volte a acontecer, foi muito desagradável!
-Margarida, eu gosto tanto de ti, amo-te tanto, não te quero perder!
-Eu também te amo muito! Vamos esquecer o que aconteceu, amo-te, amo-te, amo-te!
-Minha Margarida! Tu és linda!
O tempo continuou, a Margarida andava contente e feliz, adorava o curso dela, e tinha colegas muito interessantes, embora mal tivesse tempo para conviver com eles, uma vez que o Miguel sempre que podia ia ter com ela a Coimbra depois do trabalho, e quando isso não acontecia ela tinha que estar em casa, porque nunca sabia a hora a que ele ligava. Mesmo assim a Margarida achava que era normal, que fazia parte do namoro, sentia-se bem pela atenção que o Miguel lhe dedicava, nunca a trocava pela mãe ou pela família, ela estava sempre em primeiro lugar na vida dele, afinal o Filipe estava errado. A Margarida sentia saudades das longas conversas e dos programas que fazia com o Filipe, mas o Miguel era o seu futuro, era dele que gostava.
À medida que o tempo passava e nos aproximávamos do Natal começava a ser mais difícil para a Margarida vir passar os fins-de-semana a casa, uma vez que tinha imensas coisas para estudar, trabalhos e pesquisas para fazer, era-lhe mais fácil ficar em Coimbra onde tinha bibliotecas e outro género de coisas que na sua pequena vila ainda não existiam.
Ao princípio o Miguel deixava-lhe os sábados para ela estudar para que no domingo pudessem estar o dia todo juntos, davam longos passeios pela cidade, às vezes iam até á Figueira para junto do mar, ora precisamente num desses domingos de Novembro, o céu estava limpo, e decidiram ir passar o dia à Figueira, saíram de manha por volta das nove horas, foram pela Serra da Boa Viagem, paravam de vez em quando para andar um pouco a pé, riam, riam muito, os beijos eram uma constante entre os dois e as demonstrações de carinho também. Chegou a hora do almoço e foram os dois a um pequeno restaurante, muito acolhedor que ambos já conheciam.
-Estás a gostar? – Perguntou o Miguel
-Muito! Estava mesmo a precisar disto, ando tão atarefada com os estudos, que estes dias, quando vens ter comigo são uma dádiva de Deus.
-Adorava estar os dias todos contigo!
-Eu também, amo-te tanto, tu nem imaginas!
-Imagino sim, eu amo-te ainda mais! Quantos anos demoras a acabar o teu curso?
-Quatro anos, porque perguntas?
-Tanto tempo ainda para estar sem ti!
-Mas tu não estás sem mim, estamos quase sempre juntos, vens tantas vezes ter comigo a Coimbra, passamos a maior parte do fim-de-semana juntos, quase só falta mesmo casar.
-É precisamente isso que eu quero, casar-me contigo!
-Mas ainda não namoramos á muito tempo, e depois eu não tenho emprego, ainda estou a acabar o meu curso, quer dizer, estou a começar, tenho mais três anos pela frente, …
-Mas eu quero tanto estar contigo, casa-te comigo!
-Eu caso, mas agora ainda não, ainda namoramos á pouco tempo, não nos conhecemos o suficiente ainda para podermos dispor de uma vida a dois, e depois, Miguel, eu ainda não me sinto preparada, só tenho 18 anos, temos de esperar um pouco mais.
-Eu não preciso de te conhecer melhor, eu sei que tu és a mulher da minha vida, não vou olhar para mais nenhuma, é a ti que eu quero!
A Margarida, ficou a olhar para o Miguel, mas nem por um momento vacilou, queria acabar o curso dela, queria dar aulas, queria realizar os seus sonhos, embora claro, que entre os seus sonhos estava casar com o Miguel, mas ainda não se sentia preparada, nem ela nem os pais que não iriam achar muita graça á questão.
Saíram do restaurante, e foram passear á beira-mar, as ondas vinham beijar os pés descalços de ambos, que passeavam juntos de mãos dadas, ao longe só se ouvia os gritos das gaivotas, voavam em círculos, mergulhando nas calmas águas do oceano, em busca de alimento. O Sol parecia um morango, ia descendo lentamente passando para a água as suas tonalidades de vermelho, laranja e amarelo, dando a tudo um ambiente mágico, um ambiente propicio ao romance. Sentaram-se numa duna, um pouco escondida por umas rochas, o Miguel puxou a Margarida para junto de si e começou a beija-la, os beijos começaram a tornar-se mais intensos, e as mãos começaram a ser mais exigentes, procurando aqueles recantos escondidos…
-Tens uma pele tão macia, Margarida, eu amo-te tanto!
-Miguel, eu acho que devíamos ir embora!
-Porquê Margarida? Estás com medo de mim?
-Não é isso Miguel, é a primeira vez que estou assim com alguém!
-Estás a querer-me dizer que és virgem?
-Estou, Miguel nunca nenhum homem me tocou antes!
-Não acredito, o que é que o Filipe vinha fazer quando vinha ter contigo a Coimbra? Estás a dizer-me que não ias para a cama com ele. Como se eu fosse acreditar nisso.
Margarida levantou-se de repente, e começou a correr pela praia, com as lágrimas a escorrerem-lhe pelas faces. Como é que o Miguel a podia magoar tanto? Como é que ela se tinha enganado tanto com ele? Será que a mãe e as outras pessoas que a avisaram em relação e ele estavam certas? Será que ela estava tão cega de amor que não via mais nada á frente senão o Miguel? Até onde mais baixaria a sua vida? Há tanto tempo que não estava com as amigas só para estar com ele, estava a estudar na mesma cidade que a Mariana e já nem aos fins-de-semana se encontrava com ela porque ele vinha ter com ela, de quem mais teria que se afastar? O que mais poderia fazer para que ele acreditasse nela? Correu, correu, correu, só queria ir para longe. O sol já tinha desaparecido completamente e as sombras da noite começavam a aparecer, parou, não sabia onde estava, estava sozinha disso tinha a certeza, não sabia como ia voltar para Coimbra, mas isso não a preocupou, agora precisava mesmo era de pôr as suas ideias em ordem, agora precisava de pensar, precisava saber o que ia fazer com o Miguel. Sentou-se o silencio envolveu-a, perdeu-se nos seus pensamentos.
Não sabia há quanto tempo estava ali, a noite já tinha caído completamente. De repente sentiu uma mão no seu ombro, mesmo sem se virar ela soube quem era, não olhou para ele, não lhe disse uma palavra, ele sentou-se junto dela, passou-lhe uma mão pelos ombros e abraçou-a com força.
-Desculpa Margarida!
-Quantas vezes vou ter que te desculpar por me magoares tanto? Será que eu mereço isto?
-Não, Margarida, não mereces, eu não te mereço a ti, tu não mereces este meu ciúme doentio, mereces uma pessoa que te compreenda, que te aceite como tu és, acho que eu não sou esse homem, sou ciumento demais, quero demais de ti, e sinceramente não estou a ver que algum dos dois queira mudar.
Surpreendida a Margarida olhou para ele, as lágrimas voltaram novamente a inundar-lhe os olhos, não queria acreditar nas palavras que estava a ouvir da boca do Miguel.
-Estás a dizer-me que queres acabar o namoro?
-É melhor, senão eu vou andar sempre a magoar-te, o que eu sinto por ti é superior a mim, eu tenho ciúmes mesmo das palavras que tu diriges às tuas colegas e amigas, eu quero ser o teu mundo.
-Miguel, será que tu ainda não viste que és o meu mundo? A única coisa que eu faço em Coimbra é ir às aulas, de resto venho para casa ou então vou sair contigo quando vens cá ter comigo!
-Eu amo-te tanto Margarida!
-Eu também te amo Miguel, mas para te demonstra-lo não preciso andar sempre a saber o que andas a fazer, eu confio em ti, mas sinto que tu não confias em mim!
-Eu vou mudar, juro que vou mudar, beija-me por favor, diz-me que me perdoas, diz-me que me amas.
-Eu amo-te Miguel, e não há nada para te perdoar, é o teu feitio, e eu tenho que saber conviver com ele.
Miguel, puxou a Margarida para o seu colo, não se lembrara sequer que estava numa praia, começou a beija-la, os beijos tornaram-se mais exigentes, as mãos cada vez mais exploradoras, as suas respirações tornaram-se ofegantes, lentamente ele começou a desapertar o casaco da Margarida, que tremeu ao sentir as mãos do Miguel a percorrerem a pele em volta dos seus seios, com muita meiguice o Miguel tirou-lhe a camisola e deitou-a sobre a areia, enquanto ele próprio tirava o seu casaco e a sua camisola, queria sentir a pele da Margarida junto á sua, enquanto a beijava, acariciava os seus seios com muita meiguice, dando á Margarida tempo para se habituar a essas carícias, Deus como amava esta mulher, quando já não aguentou mais, despiu as calças dela, a Margarida já nem dava por nada, estava completamente embriagada pela paixão, só se apercebeu quando ele sussurrou ao seu ouvido:
-Vou ser meigo contigo, muito meigo, se te magoar por favor avisa-me que eu paro.
-Não quero que pares Miguel, eu quero que a minha primeira vez seja contigo, é a ti que eu amo.
Eram as palavras que o Miguel queria ouvir, sem deixar de beijar a Margarida explorou o sempre da sua feminilidade provocando nela ondas de prazer que ela jamais imaginou que existiam, quando a sentiu pronta fez pressão sobre ela, e sentiu a pequena barreira que provava que ela não o enganou ao dizer-lhe que era virgem. Margarida gemeu.
-Queres que pare meu amor? Estou a magoar-te?
-Não, não pares!
E o Miguel assim fez, e de um momento para o outro a barreira que o separa do prazer total, a barreira que o separava de fazer a Margarida sua derrubou-se, ele intensificou os movimentos, tendo o cuidado de proporcionar á Margarida tanto prazer como ele estava a ter, foi muito cuidadoso, sussurrou-lhe sempre ao ouvido palavras de amor, palavras de carinho, porque apesar do seu feitio ele gostava mesmo dela.
-Estás bem Margarida?
-Estou óptima! Nunca pensei que fosse assim, ou então foi mesmo especial porque foi contigo!
-Amo-te!
-Também te amo muito!
-É melhor irmos embora já deve ser muito tarde!
-Sim, nem imagino que horas são, mas também já deve ser muito tarde para ires para casa, porque não ficas comigo em Coimbra?
-Quando chegarmos a tua casa logo vimos o que fazer.
A partir desse momento foram mais as noites que o Miguel dormiu na cama da Margarida, que as que dormia em casa dos pais, já não conseguia imaginar-se sem acordar ao lado dela, ela enfeitiçara-o completamente. Tinha que a tirar de Coimbra e faze-la ver que o casamento era a melhor opção para os dois.

2 comentários:

  1. Gosto mesmo deste livro :) parabéns Margarida tens muito jeito para escrever, continua que estou à espera do próximo capítulo.

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  2. Agora estava eu á espera de ler a continuação e fiquei por aqui...
    opa, tou viciada!!!

    bjs ;)

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