terça-feira, 3 de maio de 2011

Capitulo II

A partir de agora cou pôr o livro por capitulos é mais façil!!! podem dar opinioes e criticarem o que acharem que está mal!!!


CAPITULO II


Nos meses de verão esta pacata vila perdida entre as serras, situada num vale, enche-se de turistas e filhos da terra que vivem em Lisboa ou noutros pontos do país e ali regressam para descansar da agitada vida da cidade.
No sábado seguinte precisamente, chega a Patrícia, prima da Margarida e da Mariana, que vivia em Lisboa. Entre a Margarida e a Patrícia sempre existiu uma grande cumplicidade, para a Margarida a Patrícia é a irmã que ela não tem, uma vez que a Margarida passou grande parte da sua infância a ir para Lisboa para casa dos pais da Patrícia com os avós, assim foram crescendo juntas, e crescendo entre elas uma cumplicidade muito grande, não têm segredos uma para a outra. Nas quentes noites de verão quando o calor ainda aperta e não conseguem dormir, sentam-se as duas na varanda em casa da Margarida e têm longas conversas, ouvem música, riem, acima de tudo riem muito, porque a boa disposição é uma constante.
A Margarida ainda não tinha falado do Miguel á Patrícia porque, alem de ser uma coisa ainda recente, ela vinha passar ferias com os pais e aí teria tempo para contar á prima o que se estava a passar.
Nesse sábado depois do almoço como era hábito entre as duas, ajudaram a mãe da Patrícia a arrumar a cozinha e depois saíram já de fatos de banho e toalhas ao ombro para irem para o rio, juntar-se com o resto do pessoal.
Estava uma tarde muito quente, e pelo caminho a Margarida lá foi pondo a Patrícia a par de tudo o que se estava a passar:
-Sabes, ando de olho num rapaz, que trabalha ao pé do meu pai, chama-se Miguel e tem vinte e dois anos – disse a Margarida.
-E ainda não me tinhas dito nada? – Perguntou a Patrícia, um pouco espantada com a atitude da prima.
-Calma, não estejas a pensar que eu tenho segredos contigo – disse a Margarida, pondo o braço em volta dos ombros da Patrícia – eu ainda não te tinha dito nada, porque além de não terem passado ainda de uns simples telefonemas e de umas trocas de olhares, como tu chegavas hoje, achei que tínhamos tempo de pôr a conversa em dia.
-Ah, fico mais descansada, pensei que agora tinhas segredos para mim – disse a Patrícia – mas anda lá conta-me tudo.
E assim a Margarida contou á Patrícia o que se tinha passado.
-Bem, tu és doidinha de todo! – Disse a Patrícia – tu já viste bem o quanto arriscaste ao ligar para lá, mesmo sabendo que alguém que conhecesse a tua voz podia contar ao teu pai.
-Calma – disse a Margarida – também não é bem assim, eu telefonei sempre quando o meu pai não estava, á hora do almoço quando ele lá estava sozinho, o único dia em que arrisquei foi na quarta, eu sabia que o meu pai vinha almoçar a casa, e portanto fiz um bocado de lotaria rezando para o meu pai já lá não estar e que entretanto também não chegasse a casa e me apanhasse ao telefone com ele.
-Tu quando metes uma coisa na tua cabeça, tens mesmo que ir até ao fim – disse a Patrícia – mas isso também não me surpreende, uma vez que eu sei que tens que conseguir tudo o que queres.
-O que me preocupa no meio disto tudo, foi a reacção do Filipe quando soube – disse a Margarida
-A mim não me surpreende nada, o Filipe, sentiu-se ferido, sabes bem que ele á muito tempo que tenta convencer-te a serem mais que amigos, e agora vem uma pessoa de fora, que por azar até é irmão de uma ex namorada dele, e consegue despertar a tua atenção, claro que ele ficou sentido. – Disse a Patrícia.
-Mas o Filipe sabia desde sempre que eu não sentia por ele nada além de amizade, e sinceramente Patrícia, não me apetece nada estragar esta amizade, metendo pelo meio um namoro que não vai dar em nada, eu sei que não vai dar. – Disse a Margarida.
-Mas ele não pensa assim, e sinceramente, eu acho que se tu continuares com a ideia de conhecer mesmo o Miguel o Filipe vai-se afastar de ti. – Disse a Patrícia
-Essa ideia não me agrada muito, mas eu não vou poder ficar toda a minha vida á espera que um dia acorde e descubra que finalmente me apaixonei pelo Filipe, eu acho que isso não vai acontecer, eu gosto dele, mas não dessa forma. – Disse a Margarida.
-Mas ele não quer ver isso, e lá no fundo eu acho que ele está a torcer para que tu esqueças o Miguel, ou que as coisas não dêem em nada. – Disse a Patrícia.
-Não vai ter sorte, se tiver que perder a amizade dele, e olha que é uma coisa que me vai custar muito, acredita, eu perco, eu não vou fazer a minha vida em função dos sentimentos do Filipe, não nesse sentido. – Disse a Margarida.
-Pode ser que entretanto ele encontre uma namorada, e deixe de andar atrás de ti. – Disse a Patrícia.
-Espero que sim, para minha felicidade e para a dele. – Disse a Margarida – vamos continuar esta conversa depois mais logo, quando estivermos as duas sozinhas, agora está aqui toda a gente.
-Concordo contigo priminha! – Disse a Patrícia.
Lá chegaram junto do grupo de amigos, sentaram-se a fazer hora para poderem ir ao banho e divertiram-se a tarde toda.
Á noite depois de chegarem a casa, foram as duas lavar os dentes e vestir os pijamas e como era seu costume, foram-se sentar-se na varanda a conversar.
-Sabes, amanha vou telefonar para casa do Miguel. – Disse a Margarida.
-Que lata a tua, - disse a Patrícia espantada a olhar para a prima – e o que lhe vais dizer?
-Se é amanha á noite que ele quer vir tomar a famoso café que me prometeu. – Disse a Margarida.
-Margarida, porque é que tu não esperas mais uma semana, continuas durante os próximos dias a ligar-lhe para o trabalho e logo vês no que vai dar? – Perguntou a Patrícia.
-Nem penses Patrícia, não vou estar á espera mais uma semana, amanha vou-lhe telefonar. – Disse a Margarida.
-E como é que vais ligar amanha? Já pensaste? Vamos todos almoçar aqui em casa, se os teus pais não ouvirem a conversa podem ouvir os meus, ou então os avós e depois? – Perguntou a Patrícia.
-Não vai ligar aqui de casa, achas? – Disse a Margarida
-Já não digo nada, de ti espero tudo! – Disse a Patrícia.
-Nada disso, se estiverem aqui todos, podemos ir a casa dos avós quando viermos do rio, senão, vamos jogar snooker ao Pub, e eu ligo de lá, tem que ser é antes de jantar, para eu poder combinar com ele para depois do jantar. – Disse a Margarida
-Tens tudo bem planeado, mas isso já nem me devia admirar. – Disse a Patrícia.
-Estou ansiosa que chegue amanha, acho que nem vou conseguir dormir. – Disse a Margarida.
-Eu só tenho medo que tu te desiludas, tu não o conheces ainda, por isso havias de ir com mais calma. – Disse a Patrícia.
-Fogo priminha, dá-me tu uma força, eu quero conhece-lo, gostei dele a primeira vez que o vi, não sei o que foi, mas, gostei dele, houve algo nele que despertou em mim, esta vontade, e como eu já disse tenho que ir até ao fim. – Disse a Margarida.
-Eu não te estou a dizer para parares, estou a pedir-te para ires com calma, este ano vais ter muitas mudanças na tua vida, sabes, vais deixar o mundo protegido do colégio onde tens andado, vais conhecer novas pessoas, vais fazer novos amigos, vais para um ritmo de estudo que cada vez mais começa a ser o futuro da tua vida, não tenhas pressa! – Disse a Patrícia.
A Patrícia sempre foi a mais sensata das duas, pensava muito bem nas coisas antes de agir, ao contrário da Margarida que lutava por o que queria, mas a maior parte das vezes agia impulsivamente, o seu maior receio era que a prima se magoasse de alguma forma. Uma vez que não conhecia o Miguel ainda não tinha uma ideia formada dele, teria que esperar para ver o que aconteceria no dia seguinte.
Tal como a Patrícia dissera, no dia seguinte foi a família toda para casa dos pais da Margarida, portanto teriam que pôr em prática um dos planos dela, e isso não era difícil, uma vez que elas costumavam sair depois do almoço para irem para o rio, e costumavam ir para o Pub jogar snooker, qualquer uma das ideias dava para se concretizar.
Assim á tarde depois de virem do rio, foram a casa tomar um duche e mudar de roupa e foram á vila, pelo caminho iam a conversar:
-Então, onde vais telefonar-lhe? – Perguntou a Patrícia
-Como ainda é cedo, vamos jogar uma partidita de snooker e eu ligo de lá. – Respondeu a Margarida.
-Mas, uma coisa que me tem feito confusão, se tu ainda só falaste com ele no trabalho, como é que tens o numero dele de casa? – Perguntou a Patrícia
-Foi fácil, aqui há dias quando eu disse ao meu pai que tinha ligado para o trabalho á procura dele, e que foi o Miguel que atendeu, o meu pai disse á minha mãe de quem ele é filho, eu fui á lista telefónica e descobri o número. – Disse a Margarida.
-Tu não perdes mesmo tempo, às vezes até tenho medo das tuas ideias. – Riu-se a Patrícia.
Lá foram, as duas, ate ao Pub e começaram por jogar snooker, ate a Margarida apanhar coragem para ligar ao Miguel.
-Então Margarida, nunca mais decides telefonar?
-Vou ligar agora, deixa o Victor vir aqui para eu lhe pedir.
A Margarida lá chamou o Victor e pediu-lhe para a deixar fazer um telefonema. Ligou e do outro lado respondeu uma voz que ela tão bem conhecia:
-Estou?
-Miguel, és tu?
-Sim, quem fala?
-A Margarida!
Do outro lado fez-se silencio, e por momentos a Margarida pensou que o Miguel tinha desligado o telefone:
-Ainda aí estás? – Perguntou a Margarida.
-Sim, desculpa o meu silêncio, mas tenho a minha casa cheia de gente, e estão todos a olhar para mim…
-Ah, peço desculpa, não sabia que era má hora para te ligar.
-Não é má hora, só que logo hoje tinham que cá estar os meus irmãos todos e o meu pai, estão todos para aqui a gozar comigo.
-Desculpa!
-Mas, o que me querias?
-Convidar-te para vires tomar um café comigo, ou se não beberes café, outra coisa qualquer.
Do outro lado da linha o Miguel riu-se e não disse nada. A Margarida continuou a insistir:
-Vá lá Miguel, vem cá ter comigo depois do jantar!
-Não sei, o meu pai pode precisar do carro.
-Isso para mim são desculpas, não precisas de ser tão tímido!
-Não é isso, a sério, Margarida, como o meu pai está em casa, ele pode precisar de sair para algum lado.
-Está bem, que pena, gostava mesmo de falar contigo!
-Eu também!
-Não parece nada, se quisesses muito arranjavas uma forma de vir ter comigo!
-Margarida, estou a falar a sério, eu não sei se o meu pai vai ou não precisar do carro…
-Mas se o teu pai está aí bem que podias perguntar-lhe, não achas?
-E dar mais motivo aos meus irmãos para gozarem comigo!
-Como assim? Não entendi!
-Estão aqui todos a perguntar quem será a pessoa com quem estou a falar, depois comentam entre eles que eu tenho uma namorada e não digo a ninguém, enfim, até os meus pais estão a entrar na brincadeira.
-Então dá-lhes mais um motivo, e vem ter comigo, vá lá, eu não mordo!
-Eu sei que não mordes, e também quero muito falar contigo, mas como eu já te disse, não depende só de mim!
-Desculpas de mau pagador!
-Oh, não digas isso Margarida!
Sem que a Margarida estivesse a contar, a Patrícia vem por trás da prima e tira-lhe o telefone da mão e diz:
-Olha, desculpa, eu não te conheço, tu também não me conheces, mas estou farta de ouvir a Margarida a pedir para vires ter com ela, ou vens cá ter depois do jantar por volta das nove horas, ou então meu amigo, esquece, quem não a deixa falar mais contigo sou!
Dito isto a Patrícia desligou o telefone.
-Agora Margarida, vamos ver se ele quer mesmo vir tomar o café contigo!
-Patrícia, tu não devias ter feito isso, claro que ele não vem, tu já viste como falaste com ele?
-Não quero nem saber, e depois logo às nove horas já vais ter a tua certeza, eu só fiz aquilo que eu acho que deveria ter feito. Se achas que fiz mal, desculpa, mas não quero ver-te a fazer figura de parva.
A Margarida não soube o que dizer á prima, claro que ela compreendia o que a Patrícia fizera, mas… também não precisava ser tão dura com o Miguel, agora o que lhe restava fazer era esperar pelas nove horas e ver se o Miguel aparecia ou não.
Estava quase na hora do jantar e as duas foram para casa da Margarida, onde já estava a restante família.
Eram quase nove horas quando acabaram de jantar, e a Margarida não fazia outra coisa senão olhar para o relógio, parecia que as horas não passavam, o jantar parecia interminável, ela só queria mesmo que tudo acabasse rapidamente e que ela e a Patrícia finalmente pudessem ir embora.
Já passava um quarto de hora das nove quando as duas finalmente puderam sair. A Margarida estava muito nervosa:
-E se ele não veio?
-Calma Margarida – dizia a Patrícia – tens tempo de te preocupar com isso quando chegarmos.
-Mas já viste as horas? Ele também pode ter vindo e já ter ido embora! Ai Patrícia!
-Margarida, tem calma, já te vais preocupar com isso, tem calma por favor!
Lá foram as duas para ver onde estava o resto do grupo de amigos, a Margarida só pensava no Miguel, só esperava que a Patrícia não tivesse estragado tudo, tudo quer dizer, no fundo ainda não havia nada para estragar, a Margarida ainda não tinha reparado que o Miguel se havia tornado de um momento para o outro num desafio, numa obsessão para ela, afinal com toda a gente quase a dizer-lhe que não devia apostar nele, ela queria ir contra as regras pelo menos uma vez na vida e acima de tudo também queria mostrar ao Filipe que ele estava errado, se calhar já era mais uma questão de orgulho que outra coisa qualquer.
Margarida, perdida nos seus pensamentos, nem se apercebeu que ao longe uns lindos olhos castanhos estavam fixos nela, no seu pensamento já só passavam ideias de como voltar a falar com o Miguel, mas ainda nenhuma ideia lhe tinha parecido razoável.
-Boa-noite Margarida!
Não, não, estava a sonhar, ia tão entretida a pensar no Miguel que agora até já ouvia a voz dele, claro que só podia ser imaginação dela. Virou-se lentamente, e depara-se com o Miguel, a sorrir e a Olhar para ela, … ele sempre viera.
-Estás bem? – Perguntou o Miguel.
-Tu vieste? – Incrédula a Margarida olhava para o Miguel.
-Sim, vim, eu disse-te que gostava de te conhecer melhor também!
Margarida sorriu, nunca na sua vida se sentira tão feliz como naquele dia, ele estava ali, ele queria conhece-la, ele era real, não um fruto da sua imaginação, queria poder gritar, rir, chorar, mas tudo de alegria, estava alegre, a vida é linda, a vida é bela… de tal forma estava delirante que nem ouvia nada do que o Miguel lhe estava a dizer:
-Margarida, tu estás a ouvir o que eu te estou a dizer? – Perguntou o Miguel.
-Desculpa, não, não ouvi nada do que tu disseste.
-Estava a perguntar-te onde vamos?
-Ah, vamos ali beber um café, e depois vamos dar uma volta. Mas antes disso deixa-me apresentar-te a minha prima Patrícia, este é o famoso Miguel de quem tanto tens ouvido falar.
-Não me digas que foste tu que me fizeste o ultimato ao telefone. – Perguntou o Miguel.
-É verdade, fui eu mesma, mas pelos vistos deu resultado, e aqui estás tu! – Disse a Patrícia
-Como é que apanhaste coragem para pedir o carro ao teu pai? – Perguntou a Margarida.
-Não precisei pedir, ele próprio me perguntou se eu precisava dele! – Respondeu o Miguel.
A Margarida e a Patrícia riram-se da resposta do Miguel.
-Que sorte, … - Disse a Margarida – para mim claro!
Lá foram os três ao café, onde estava o resto do grupo. A Margarida fez as apresentações, toda a gente recebeu bem o Miguel, excepto claro, o Filipe, que quando o viu com a Margarida nem queria acreditar e de uma forma muito sarcástica disse:
-Vejo que não perdeste tempo Margarida, trouxeste-o para aqui só para me provocar.
-Filipe, não sejas tão convencido, não penses que a vida gira toda em redor de ti! – Disse a Mariana.
-Porque motivo estás agora tu a provocar a Margarida? – Perguntou a Sónia.
-Filipe, não te metas, já deste a tua opinião, a Margarida faz da vida dela o que bem entender, se ela se der mal o problema é dela. – Disse a Patrícia.
-Se ela se der mal, cá estou para ouvir as magoas dela, cá estou eu para a levantar, para isso o Filipe serve. – Disse o Filipe
-Filipe, uma amizade desinteressada não pede nem exige nada em troca, eu não tenho que estar aqui a ouvir tudo o que tu queres dizer, mas está descansado, que se o meu coração se partir em bocadinhos, tu serás a ultima pessoa que eu irei procurar para os colar. – Disse a Margarida – desculpa eu falar contigo assim, mas, já chega!
O Miguel não gostava do Filipe, puxou o braço da Margarida e levou-a para outra mesa, sentaram-se e o Miguel perguntou-lhe:
-O que se passou ali que eu não percebi nada?
-Simples, o Filipe é um dos meus melhores amigos, e julga que está apaixonado por mim, eu acho que ele está confundir amizade com amor, não sei, e depois as coisas complicaram-se quando ele descobriu que eu te queria conhecer, nunca mais foi o mesmo.
-O Filipe namorou durante alguns anos com a minha irmã Carina, sinceramente eu não sei o que se passou entre eles, mas a minha irmã ficou desfeita, andou muito tempo a chorar pelos cantos, desde aí nunca mais gostei dele.
-Claro, eu compreendo a tua situação, mas eu não quero que isso interfira connosco.
-Isso não vai acontecer, eu sei distinguir as coisas!
-Trabalhas há muito tempo ao pé do meu pai?
-Mais ou menos há cinco meses.
-Que engraçado, não sabia, acho que o meu pai nunca comentou nada lá em casa, ou pelo menos eu nunca me apercebi, só agora que estou de ferias é que te vi, e enfim, o resto tu já sabes, …
-As artimanhas para falar comigo!
-É verdade, espero que não fiques a pensar mal de mim…
-Não, eu só construo uma ideia das pessoas depois de as conhecer, e portanto tu não vais ser excepção.
-Que pena, …
-Porque?
-Porque gostava de ser a excepção á regra!
-Engraçadinha, já vi que gostas de brincar!
-Adoro, é verdade, tristezas não pagam dividas, e eu só tenho uma vida para viver portanto tenho que a aproveitar ao máximo, …
-Não tens medo de pensar dessa maneira?
-O que tem a minha maneira de pensar?
-Como vives numa terra pequena, tudo se sabe, as pessoas gostam de falar…
-O que as pessoas dizem a mim não me incomoda nada mesmo, nunca perdi o sono por isso, e depois também tenho a vantagem de só cá vir aos fins-de-semana e durante as ferias.
-Há muito tempo que estudas em Coimbra?
-Sim, desde o sétimo ano, portanto terminei agora o décimo segundo ano, fiz os exames de acesso á universidade e ainda não sei de entrei.
-Concorreste para que?
-Línguas, gostava de ser professora de Português e Francês.
-Os teus pais vão ficar todos contentes se entrares!
-Claro que sim, eles só me têm a mim, e claro que o maior sonho deles é que eu consiga realizar na minha vida, aquilo que eles não tiveram hipótese de realizar na deles.
-Os filhos não têm que obrigatoriamente continuar os sonhos dos pais, já pensaste nisso?
-Eu não estou a dizer que vou realizar os sonhos dos meus pais, não vou tirar o curso de línguas a pensar que a minha mãe ou o meu pai gostariam de ser professores, eu vou tirar o curso de línguas porque gosto.
-Que mais gostas de fazer?
-Escrever, adoro escrever, tenho cadernos e cadernos cheios de poesias e prosas que vou escrevendo quando me vem a inspiração.
-És sonhadora, estou a ver.
-Sou sonhadora, mas acima de tudo com os pés bem assentes na terra, gosto de lutar pelos meus objectivos e conclui-los.
-Não queres ir dar uma voltinha?
-Sim, vamos até ao caneiro, deixa-me só perguntar se querem vir!
A Margarida foi ter com o grupo para fazer o convite, aceitaram de imediato, mas deixaram a Margarida e o Miguel irem um pouco mais á frente, para ter privacidade.
Pelo caminho foram conversando, falaram de várias coisas, a Margarida estava cada vez mais fascinada com o Miguel, tinham algumas coisas em comum, outras menos. Falaram deles, das famílias, dos seus hobbies, do trabalho do Miguel, dos estudos da Margarida.
A noite chegou ao fim, despediram-se sem compromissos, simplesmente como duas pessoas que se conheceram e ainda têm um longo caminho a percorrer.
-Ate amanha – disse o Miguel
-Até amanha – disse a Margarida – obrigado por teres vindo!
-Tenho que agradecer á tua prima o facto de me ter desafiado, gostei imenso de estar contigo.
-Eu também, xau!
A Margarida e a Patrícia foram para casa, e como sempre lá se foram sentar na varanda a conversar. A Margarida contou á prima tudo o que tinham conversado durante a noite e a ideia com que ficou do Miguel:
-O que achaste dele Margarida?
-Achei-o tímido, mas ao mesmo tempo, quando começa a falar é divertido, sabe manter um nível de conversa, diz as coisas no momento certo em que as deve dizer.
-Ele disse-te alguma coisa por causa da cena que o Filipe fez?
-Perguntou-me o que é que se passava, claro que eu não entrei em pormenores, nem lhe contei nada daquilo que o Filipe disse dele. Disse-lhe que o Filipe era um dos meus melhores amigos, mas que sentia por mim algo diferente do que eu sentia por ele, e que estava chateado por eu o querer conhecer.
-E ele?
-Disse que sabia separar as coisas, que ele também não gostava muito do Filipe, mas o Filipe é o Filipe e eu sou eu!
-Parece que daí está tudo resolvido, e quanto a vocês os dois?
-Não há nós os dois, pelo menos por enquanto, quando nos despedimos hoje não houve promessas nem combinamos nada, o que tiver de acontecer acontece.
-Para quem andava tão ansiosa, … mudaste de ideia foi?
-Não, não mudei nada, simplesmente queria dar o primeiro passo, e o primeiro passo consistia em estar com ele sem ser ao telefone, a partir de agora vou deixar que as coisas aconteçam naturalmente, se ele estiver interessado em me conhecer melhor, então ele vem ter comigo.
-Estás confiante?
-Estou, acho que consegui de alguma forma cativa-lo com a minha maneira de ser.
-Eu achei-o tímido demais para ser ele a continuar a avançar, não sei se ele vai ter coragem.
-Então que a vá arranjar onde quiser, porque da minha parte ele não vai levar mais nada, fiz o mais difícil, agora que o caminho está aberto, terá ele que arranjar forma de continuar a investir.
-E se ele não continuar a investir?
-Vou continuar a minha vida, se não estiver no nosso destino alguma vez os nossos caminhos se cruzarem, então também não vale a pena insistir, para no final alguém sair magoado, isso não.
-Vamos mas é dormir, eu estou a ficar com sono. – Disse a Patrícia bocejando.

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