domingo, 17 de abril de 2011

Continuaçao

Terça-feira mais uma vez amanhece com um dia de grande calor bem típico destas terras do interior do país. Margarida hoje levantara-se mais tarde, já bem depois do meio-dia uma vez que era um daqueles dias que o seu pai não viria almoçar a casa, mal se levantou correu para o telefone e ligou para o local de trabalho do pai, e do outro lado a voz que ela tanto ansiava ouvir disse:
-Estou?
-Boa-tarde, eu sou a Margarida, filha do senhor Carvalho, e meu pai ainda não chegou para almoçar, sabe se ele ainda demora?
-Boa-tarde margarida, sou o Miguel, o seu pai hoje não vai almoçar, às terças ele vai sempre para fora
Como se a Margarida não soubesse!
-Ah! Pois, como eu só estou em casa nas férias, não sei os costumes do meu pai, desculpe estar a incomoda-lo na sua hora do almoço.
-Não tem problema nenhum, não estava mesmo a fazer nada, já tinha acabado de almoçar.
-Obrigado na mesma! Boa-tarde!
Margarida desligou o telefone com um grande sorriso no rosto, não quis continuar a conversar uma vez que não queria dar a entender que estava a ligar de propósito só para falar com o Miguel!
Claro que agora sempre que se cruzavam na rua a Margarida e o Miguel olhavam um para o outro, pois o Miguel sabia bem quem ela era, uma vez que já por varias vezes estivera em caso dos seus pais quando ela estava em Coimbra e tinha visto as fotografias que a mãe tinha espalhadas pela sala de casa.
A Margarida continuou a ligar na quarta e na quinta -feira, embora na quarta tenha sido um risco muito grande, porque o seu pai estava lá, e ela teve que quase adivinhas as horas a que ele teria saído para ligar rapidamente só mesmo para dizer boa-tarde ao Miguel dando uma desculpa muito esfarrapada, mas também já andava farta de joguinhos que não iam a lado nenhum.
Tomou uma decisão, como na quinta o pai não vinha almoçar a casa, ela ia deixar de fazer o jogo e ia directa á questão, e assim fez. Passava do meio-dia e meia quando se levantou e correu para a sala para o telefone, marcou o número que tão bem conhecia e esperou que o Miguel atendesse, e assim aconteceu:
-Estou? – Disse o Miguel
-Olá Miguel, sou a Margarida!
-Olá Margarida, mais uma vez queres saber do teu pai?
-Não, vou directa á questão uma vez que eu não sei andar com rodeios e estes jogos são demais para mim, eu estou a ligar mesmo para falar contigo Miguel
-Ai sim? – Disse o Miguel surpreendido.
-É verdade, eu gostava muito de te conhecer!
-Mas já conheces, sou o Miguel
O Miguel era um rapaz de vinte e dois anos, alto, cabelo castanho-escuro, moreno de lindos olhos castanho-escuros e muito tímido.
-Sim, eu já sei que és o Miguel, mas gostava de te conhecer melhor, uma vez que o meu pai hoje está para fora não queres ir tomar um café comigo?
-Hoje não vai dar, estou para sair e não me posso atrasar, pois não quero vir muito tarde.
-Que pena, mas era só um cafezinho!
-Desculpa, mas não vai dar mesmo.
Margarida começou a ficar desiludida, uma vez que não lhe tinha passado pela cabeça que o Miguel poderia ter uma namorada.
-Eu é que peço desculpa! – Disse a Margarida triste – claro que nem me passou pela cabeça que tu poderias ter uma namorada.
-Nada disso, eu não tenho namorada, como já te disse eu estou de saída, e não queria chegar muito tarde, porque quando sair do trabalho ainda queria ir ajudar a minha mãe!
Os pais do Miguel viviam numa aldeia a cinco quilómetros da vila onde a Margarida vivia. O pai estava muito tempo fora uma vez que era motorista de longo curso, e a mãe do Miguel estava em casa onde se dedicava ao cultivo das terras e á criação de animais, portanto o Miguel, que era muito dedicado á mãe e aos irmãos, todo o tempo que tinha livre era para os ajudar.
-Está bem, é uma pena mesmo, porque eu gostava muito de te conhecer melhor e pensei que cinco minutinhos não te iriam atrasar muito.
-Seria um enorme prazer ir tomar um café contigo, podemos combinar outro dia!
Margarida sorriu, afinal não estava nada perdido ainda.
-Claro – disse – quando quiseres podemos combinar, o dia que para ti te der mais jeito, eu agora estou de férias.
-Até quando? – Perguntou o Miguel.
-Ainda não sei – disse a Margarida – este ano não sei quando vou regressar a Coimbra, uma vez que fiz os exames de acesso á universidade e ainda não saíram os resultados.
-Já vais para a universidade?
-Sim, afinal já tenho dezoito anos.
-Eu tenho vinte e dois anos, os meus pais bem queriam que eu e os meus irmãos continuássemos a estudar, mas nós não quisemos.
-Deve ter sido uma desilusão para eles não?
-Não, nem por isso, nós somos seis irmãos, imagina que todos quiséssemos estudar!
-Deve ser muito giro ter tantos irmãos, eu bem que gostava de ter, mas os meus pais só me puderam ter a mim, tenho mesmo muita pena.
-Eu não consigo imaginar a minha vida sem os meus irmãos, claro que muitas vezes zangamo-nos, mas isso faz parte.
E a conversa continuou durante longos minutos, quando deram pelas horas eram quase duas da tarde. A Margarida disse então ao Miguel:
-Estás a ver? O tempo que estivemos ao telefone tínhamos ido beber um café, acabaste por te atrasar na mesma.
-Tens razão, mas olha que gostei muito de falar contigo e nem dei por o passar das horas. – Miguel fez uma pausa e depois acrescentou – temos mesmo que ir beber esse tal café!
-Talvez no fim-de-semana, quem sabe!
-vamos ver!
Despediram-se e a Margarida foi almoçar com um enorme sorriso no rosto, as coisas estavam bem encaminhadas.
Tinha combinado com a Sónia encontrarem-se às cinco horas no café, e um pouco antes dessa hora a Margarida saiu de casa. Ao chegar ao centro da vila cruzou-se com o Miguel, olharam um para o outro, o coração da Margarida disparou quando sentiu nos lábios do Miguel um sorriso a nascer, ela sorriu também, não disseram nada um ao outro, mas nesse sorriso a Margarida sentiu que havia uma esperança de as coisas entre eles darem certo.
Chegou ao café com um grande sorriso. A Sónia que já lá estava á espera dela, olhou para a amiga e viu que havia novidades:
-Deixa-me adivinhar, já conseguiste falar com ele? – Perguntou a Sónia á Margarida.
-Já. – Margarida riu-se
Contou então á Sónia os telefonemas que fizera durante a semana.
-É preciso ter muita coragem! – Disse a Sónia – já viste se em algum dos dias tivesses o azar de alguém que te conhece atender o telefone?
-Tens razão, mas eu tentei sempre ligar durante a hora do almoço, uma vez que ele era o único que lá estava, mas também se fosse outra pessoa a atender eu desligava o telefone.
-É simpático? – Perguntou a Sónia.
-Sim, muito simpático, mas parece-me que temos uma grande diferença!
-Então? Já lhe encontraste defeitos? – Perguntou a Sónia surpreendida.
-Não é isso, - disse a Margarida – mas ao contrário de mim, que sou toda faladora e luto por aquilo que quero, ele é tímido.
-Ah! Sempre ouvi dizer que os opostos se atraem.
Entretanto chegou junto delas a Mariana, prima da Margarida, o João, que era o namorado da Mariana e o Filipe.
O Filipe era bem mais velho que o resto do grupo e gostava da Margarida, embora esta nunca tivesse dado nenhum tipo de esperança ao Filipe, pois por ele nada mais sentia que um carinho especial, o tipo de carinho que se tem por um irmão mais velho, o Filipe era para a Margarida aquele amigo que estava presente sempre nas horas que ela precisava de um ombro amigo para desabafar, ia muitas vezes ter com ela a Coimbra, passavam bons momentos, brincavam um com o outro, mas sempre na maior das inocências, ela sabia que ele estava sempre ali, pronto para a ouvir, para a animar, para se rirem, uma vez que ambos tinham uma enorme disposição para a brincadeira conseguindo mesmo animar o resto do grupo nos momentos de maior tensão.
-Olá meninas – disse a Mariana – já aqui estavam há muito tempo?
-Olá Mariana – disse a Sónia
-Olá prima, chegamos há cerca de dez minutos, estávamos a pôr as novidades em dia. – Disse a Margarida.
-Novidades? Quero sabe-las todas! – Disse o Filipe
-O alcoviteiro de serviço! – Disse a Mariana
-Alcoviteiro não. – Respondeu o Filipe – que eu saiba as alcoviteiras eram as velhas que tentavam arranjar casamentos entre os jovens, e eu não estou aqui para arranjar casamento com ninguém.
-Mas olha que ate me dava jeito que arranjasses – disse a margarida – não um casamento mas um namoro.
-Para quem? – Perguntou o Filipe.
-Para a Margarida! – Disse a Sónia – apaixonou-se.
-Eu conheço-o? – Perguntou a Mariana
-Acho que não – disse a Margarida – é um colega que trabalha com o meu pai, digamos que o vi quando cheguei cá, e não sei, tem qualquer coisa que me atrai nele…
-Atrai e de que maneira – disse a Sónia olhando para a Mariana – imagina tu que ela disse-me que se havia de casar com ele.
A Mariana olha espantada para a prima, uma vez que ela ainda não lhe tinha contado nada.
-Margarida – disse a Mariana – vai com calma, só tens 18 anos, vais este ano para a universidade, não vais deitar tudo a perder pois não?
A Mariana falava assim, porque sabia das esperanças que os seus tios tinham depositado na Margarida, as mesmas esperanças que os seus pais tinham nela e no irmão, uma vez que ambas tinham sido criadas juntas, apesar de a Mariana ser um ano mais velha que a Margarida, sabia que a prima era uma sonhadora por natureza.
-Claro que não Mariana, eu posso ir para a universidade e namorar, nada me impede disso! – Disse a Margarida.
O Filipe tinha-se mantido á margem do assunto, olhando para a Margarida, estava pensativo.
A Margarida estranhou o seu comportamento, olhou para ele e disse:
-Então Filipe, não dizes nada?
-Margarida – disse o Filipe – eu conheço o Miguel, tu sabes que eu namorei com uma irmã dele durante alguns anos, e olha que durante esse tempo todo, tantos as irmãs como a cunhada dele tentaram sempre em vão arranjar-lhe uma namorada, e como eu disse em vão, porque o Miguel nunca olhou para uma mulher, vive para a família dele, só pensa em ajudar a mãe…
Margarida interrompe o Filipe:
-Mas as coisas podem mudar ou não? Achas que ele nunca na vida vai ter uma namorada? Achas que ele nunca se vai casar?
-Margarida – disse o Filipe – se calhar vou ser um bocado duro contigo, se calhar vais ficar zangada comigo, mas neste momento mais do que nunca eu vou ser teu amigo, escuta bem o que eu te vou dizer.
-Estou a ouvir – disse a Margarida
-Nem que tu te oferecesses a ele numa bandeja de prata toda nua ele ia olhar para ti!
A Margarida deixou de sorrir, olhou para o Filipe com os seus olhos castanhos muito abertos. O silêncio era a única coisa que se ouvia, uma vez que todos estavam á espera da resposta que a Margarida daria ao Filipe.
Surpreendentemente esta sorriu, olhou para o Filipe e disse:
-Eu não sei como entender essa tua resposta, mas pode ter duas versões, não sei em qual delas tu estás a pensar, mas a primeira que me passou pela cabeça é que eu sou tão feia que ele nunca iria olhar para mim, ou então… -Margarida calou-se por um bocado antes de continuar – estás-me subtilmente a dizer que ele gosta de homens.
-Margarida – disse o Filipe – claro que a primeira ideia nunca me passou pela cabeça, ate porque a beleza é uma coisa relativa, o que para ti pode ser bonito para mim pode ser feio, e a verdadeira beleza é que vem do interior, mas quanto á segunda hipótese, claro que essa é a que está correcta!
Entretanto a Mariana intervém:
-Bem Filipe essa parte é muito forte, eu acho que não devias estar a dizer isso é muito grave.
-O que é que queres que eu pense, se estive naquela casa durante alguns anos e presenciei a forma como todos lhe tentavam arranjar uma namorada e nunca nenhuma conseguiu nada dele? – Perguntou o Filipe.
-Mas isso não quer dizer nada – disse a Sónia – simplesmente nenhuma pode ter interessado ao rapaz, agora acusa-lo de ser homossexual, por amor de deus, é muito forte.
A Margarida manteve-se á parte daquele dialogo durante alguns minutos, deixou-os falar, não queria de forma nenhuma zangar-se com o Filipe, mas pensava se ali não haveria ainda alguma magoa de as coisas entre ele e a irmã do Miguel não terem dado certo, ate porque a Margarida já sabia que o Filipe tinha por habito sempre que acabava com uma namorada dizer depois mal dela, e que as coisas acabavam por causa delas, nunca por causa dele, era um defeito com o qual a Margarida já te tinha habituado a conviver e se calhar não tinha deixado o Filipe ir mais longe com ela precisamente para que a amizade que os unia não acabasse dessa forma.
Alguns minutos depois, a Margarida olha para o Filipe e com um sorriso nos lábios diz-lhe:
-Filipe, meu amigo, eu não vou fazer nenhuma aposta contigo, até porque no amor não há apostas e se um namoro começa com uma aposta, então esse mesmo namoro não vai dar a lado nenhum, pelo pouco que eu falei com o Miguel ele pareceu-me um rapaz às direitas, confesso que hoje me desiludiu um pouco porque lhe telefonei a convida-lo para vir tomar um café comigo e ele disse…
O Filipe não deixou a Margarida terminar a frase completando-a por ela:
-Que não!
Surpreendida a Margarida olha para ele e diz:
-Por acaso disse-me que não. Sim, foi isso mesmo!
-Estás a ver onde eu quero chegar?
-Não, não estou, tu não me deixaste acabar, ele disse-me que não podia vir hoje tomar um café comigo porque ia trabalhar durante a hora do almoço, para á tarde sair mais cedo, pois tinha que ir ajudar a mãe, o que acho muito nobre da sua parte, deixa-me que te diga.
-Margarida – disse o Filipe – não te iludas, porque mesmo que tu venhas a namorar com ele, a mãe e a família dele estão sempre em primeiro lugar, tu vais ficar sempre com as migalhas do Miguel.
-Mas Filipe – disse a Sónia – a Margarida está a falar de um namoro não de um casamento.
-Deixa Sónia – disse a Margarida – o Filipe tem a opinião dele formada, por vezes creio que ainda existe aqui – Margarida bate no peito do Filipe com a mão – um certo ressentimento, e talvez, uma situação mal resolvida com a irmã do Miguel
-Nada disso – defende-se o Filipe – entre mim e a Carina ficou tudo bem resolvido, simplesmente não deu mais, ela tem um feitio esquisito, posso dizer-te que é diferente das outras irmãs dela, portanto eu não estou a falar disto com ressentimento, eu estou a falar porque convivi vários anos com as pessoas da casa do Miguel e com o próprio Miguel e sei como é.
-E como é que é o Miguel? – Perguntou a Margarida
-Margarida, tu és completamente diferente dele - disse o Filipe – separa-vos um fosso muito grande, tu gostas de sair, de ter os teus amigos, andas a estudar, vais para uma universidade, vais encontrar alguém mais ao teu estilo, mais parecido com a tua maneira de estar na vida.
-O que queres dizer com isso? – Perguntou a Mariana
-Quero dizer que o Miguel não sai – disse o Filipe – quero dizer que o Miguel não tem amigos, os amigos do Miguel são as pessoas com quem ele convive no trabalho, os amigos do Miguel são os amigos dos pais dele, o Miguel sai do trabalho e vai direitinho a casa para ajudar a mãe, o Miguel aos fins-de-semana não sai dali, a não ser que o pai dele não esteja em casa e ele tenha que ir a algum lado com a mãe ou com algum irmão, de resto ele passa as tardes de domingo deitado no sofá a ver filmes!
-Até aqui não vejo nada de mal – disse a Margarida
-Por favor Margarida – o Filipe olha para ela já um pouco zangado pela atitude que ela está a ter – tu não és como ele, volto a dizer, tu tens os teus amigos, és uma pessoa que gosta de conviver com os outros, gostas de conhecer novas pessoas, nunca ficas em casa aos fins-de-semana, não te estou a ver enfiada num namoro que não te vai deixar ter asas para voar.
-É precisamente isso – disse a Margarida – um namoro, o namoro serve para nós nos conhecermos e se não da certo cada um segue o seu caminho, eu não te estou a dizer que me vou casar com ele amanha, ele pode ser mais uma passagem da minha vida, mas isso eu nunca vou saber se não tentar, e se não estiver satisfeita então cada um segue a sua vida.
-Olha Margarida – disse o Filipe olhando para ela – se tu começares a namorar com o Miguel, tu vais mudar, tu vais deixar de ser tu para pensares como ele, e vocês que estão aqui, vão daqui a uns tempos perceber o que eu quero dizer.
-Mas eu gostava que nos dissesses agora o que é que temos para perceber – disse a Mariana – Filipe, nós tentamos durante um tempo, e apesar de o João estar aqui, ele sabe que nós namoramos alguns meses, não deu certo, somos muito diferentes, afastamo-nos mas continuamos amigos, agora eu pergunto-me a mim mesma se tu não estarás assim porque gostas da Margarida de uma forma diferente de uma amizade, não será ciúmes?
-Não – disse o Filipe – não é nada disso, a Margarida sabe que se fosse por mim as coisas já teriam sido diferentes, ela não quer e eu respeito a opinião dela, não vou agora estar a pôr de lado uma amizade só porque tenho outros sentimentos por ela, mas neste caso é diferente.
-É diferente em quê Filipe? – Pergunta a Sónia
-É diferente precisamente porque a Margarida é diferente do Miguel – disse o Filipe – e quando nós gostamos de uma pessoa fazemos tudo para que essa pessoa se sinta bem ao nosso lado, e, eu posso garantir-vos que se alguém vai mudar, esse alguém vai ser a Margarida, nunca o Miguel, a Margarida vai deixar de sair com os amigos, a Margarida vai-se afastar das pessoas, porque vai estar em casa á espera que o Miguel lhe telefone, á espera que o Miguel lhe dê algumas migalhas do tempo dele, ela vai ser sempre a ultima pessoa em quem o Miguel vai pensar, e mais grave ainda…
-O quê? – Pergunta a Mariana
-Se o Miguel insistir muito a Margarida deixa de estudar. – Disse o Filipe
-Filipe – disse a Margarida – parabéns pela tua forma de pensar, obrigado por te preocupares comigo, mas essa parte eu já sabia, porque somos amigos e os amigos preocupam-se uns com os outros quando são amigos verdadeiros, agora o que eu acho mais engraçado nesta história toda, é que tu estás a dar uma imagem de uma Margarida diferente daquela que eu sou, quem te ouvir, principalmente as pessoas que me conhecem, devem estar a pensar, afinal de que Margarida é que ele está a falar?
-Mas eu estou a falar de ti – disse o Filipe
-Bem – disse a Mariana – ainda bem que esclareces as coisas, porque sinceramente não é essa a imagem que eu tenho da minha prima.
-Filipe, - disse a Sónia – tanto eu como a Mariana conhecemos a Margarida desde pequenas e sinceramente essa não é a Margarida que nós conhecemos, a Margarida sempre foi determinada, e sempre lutou por aquilo que quis, raramente se deixa influenciar pela opinião das outras pessoas.
-Vocês, conhecem uma Margarida diferente de mim – disse o Filipe – eu conheço uma Margarida muito sentimental, uma Margarida que acredita no amor e que faria qualquer coisa por aquele que ela achasse que seria o amor da vida dela.
-Desculpa, eu ir meter-me na conversa – disse o João – eu não tenho sido mais que um espectador aqui presente, mas Filipe, tu estás a falar com o coração, tu estás a falar como uma pessoa que está apaixonada e que vai perder o seu amor para outra pessoa, e mais complicado ainda, estás a falar como alguém que ama mas que não sabe com que argumentos há-de prender a pessoa amada.
-Por favor João – disse o Filipe – não é nada disso, eu simplesmente estou a falar como alguém que conhece o Miguel, alguém que sabe como ele é.
-Vamos acabar com esta conversa – pediu a Margarida – Filipe, a ti só tenho que agradecer o facto de tu gostares de mim e me quereres defender, agradeço-te do fundo de o meu coração estares preocupado com o meu bem-estar, mas mais uma vez te volto a dizer, eu estou a falar, por enquanto, em conhecer o Miguel, se ele for uma passagem na minha vida, óptimo, começou e acabou, mas eu não posso simplesmente deixar de tentar, vai ficar sempre essa duvida comigo, se eu não tentar, claro que ele pode não ir ao encontro daquilo que eu procuro num namorado, mas eu tenho que tentar, o resto o tempo o dirá.
Filipe, olhou para a Margarida, mais uma vez sentiu a sua determinação, mas também sabia que ele não estava errado, ele conhecia muito bem a família do Miguel e sabia que a Margarida iria sofrer muito, daqui a uns meses se as coisas dessem certo, ele sabia que toda a gente lhe daria razão, agora restava ficar no seu canto e aguardar o resto dos acontecimentos.
Estiveram mais um bocado no café, ate que um a um começaram a sair para suas casas, prometendo mais uma vez encontrarem-se á noite para darem uma volta.

CONTINUA

terça-feira, 12 de abril de 2011

Margarida

Este é o primeiro livro que eu escrevi na minha vida, vou publica-lo aqui e ver qual vai sre a vossa reaçao ao le-lo!




CAPITULO I

Corria o ano de 1992, Margarida, uma jovem de 18 anos, como tantas jovens da sua idade, era estudante e tinha os seus sonhos e as suas ideias para a vida futura, sonhadora por natureza, escondia-se muitas vezes no seu pequeno mundo, onde a escrita era uma constante da sua vida, desde poesia a pequenas narrativas, ela escrevia tudo o que lhe ia na alma e aquilo que sentia dentro de si, geralmente as suas poesias e prosas, como acontece nas sonhadoras, baseava-se no amor…
Sonhava com o seu príncipe encantado montado no seu cavalo branco, sonhava com uma vida de felicidade, a criar os seus filhos numa linda casa, perdida entre as montanhas que rodeiam a pequena vila onde vive no centro do país. Isto tudo, claro, depois de terminar os seus estudos e estar encaminhada na vida.
Mas a vida dá muitas voltas e um dia esse príncipe encantado surge, claro que não montado no cavalo branco, mas era um colega do pai na firma onde ele trabalhava!
Estávamos no verão, e como era costume Margarida quando estava de ferias á noite saia coma sua melhor amiga Sónia, iam ao café ou então ate á praia fluvial lá da terra e passavam horas divertidas com o seu grupo de amigos.
- Sónia, nem imaginas, vi um rapaz, e fiquei louca pelos olhos dele, é lindo!
- Quando o conheceste?
- Ainda não o conheci, mas te garanto que ate ao final da semana ele vai ser meu namorado!
- Bem quanta rapidez! Isso vai ser um namorico de verão?
- Não… Vou-me casar com ele!
Sónia olha para a amiga e sorri, sabia que a Margarida era determinada, mas, daí a pensar em casar, …
-Se tu o dizes quem sou eu para te contradizer, mas diz-me lá quem é esse príncipe encantado, eu conheço?
- Hum, se calhar não! Ele é colega do meu pai, nunca falei com ele, mas te garanto que ao longo desta semana vou conhece-lo e vou começar a namorar com ele!
- E como vais fazer isso? Vais pedir ao teu pai para vos apresentar?
- Não. Achas? O meu pai matava-me se isso acontecesse!
- Então, como vais conseguir essa proeza?
-Ainda não sei, mas que eu vou conseguir ai isso vou.
-Eu não digo que não, afinal tu correr sempre atrás do que estás determinada a conseguir, vamos lá ver no que vai dar!
-Ainda bem que acreditas em mim! – Margarida ri-se, pois sabe que a Sónia a conhece muito bem e sabe da sua determinação.
As coisas acabaram por acontecer por um acaso, sem ser preciso a Margarida fazer grandes planos, o destino por vezes prega-nos partidas que superam a nossa compreensão.
Era uma segunda-feira como tantas outras de um dia de verão quente e, a Margarida levanta-se muito perto da hora do almoço, como era o seu costume para fazer o almoço para o pai, uma vez que o emprego da sua mãe não lhe permitia vir a casa á hora do almoço, durante as ferias essa tarefa cabia-lhe a ela, e como filha única não podia contar com a ajuda de nenhum irmão para que ela ficasse na cama até mais tarde, como tanto gostava. Prepara tudo e senta-se a ver televisão ate que o pai chegasse para juntos almoçarem, mas esperou, esperou, esperou e o pai nunca mais vinha e resolve telefonar para a firma para saber a razão de tanta demora.
-Estou? – Diz, uma voz que a Margarida não consegue identificar, e isso era estranho porque o pai trabalhava ali há muitos anos e ela conhecia toda a gente.
-Estou, com quem estou a falar?
-Com o Miguel.
Margarida ficou silenciosa, porque finalmente apercebera-se que a pessoa que estava do outro lado da linha era o rapaz que ela queria conhecer, mas como tinha que dizer alguma coisa lá continuou:
-Boa-tarde, eu sou a filha do senhor Carvalho, e estou a ligar porque o meu pai costuma vir almoçar por volta do meio-dia e meia, e falta um quarto para as duas, e ele ainda não apareceu!
-O seu pai hoje saiu de manha para resolver uns problemas relacionados com a firma e ainda não voltou, portanto não deve ir almoçar a casa.
-Muito obrigado, eu não sabia, ele deve ter-se esquecido de me avisar! Obrigado na mesma e… Boa-tarde Miguel.
Margarida ficou a pensar no Miguel o resto da tarde e a pensar num plano para continuar a falar com ele e conhece-lo mas era muito arriscado ligar para lá pois podia atende-la alguém que a conhecesse e poderia ter problemas pois iriam sem dúvida alguma contar ao seu pai.
Mas mais uma vez o destino esteve do lado dela, nesse mesmo dia á noite enquanto jantavam a Margarida reclama com o pai por não a ter avisado que não viria almoçar:
-Bem pai podias ao menos ter-me avisado que hoje não vinhas almoçar, estive á tua espera até quase às duas horas, não esperei mais, porque liguei para a firma, e disseram-me que tu tinhas saído!
-Quem é que lá estava a essa hora? – Perguntou a mãe da Margarida
-Foi um rapaz chamado Miguel que me atendeu, não sei quem é!
Claro que a Margarida estava farta de saber quem ele era, mas não podia deixar que os seus pais desconfiassem de nada, os seus pais eram pessoas muito conservadoras e que depositavam na Margarida todas as suas esperanças no futuro, todos os seus sonhos, queriam que a filha tivesse aquilo que eles nunca tinham tido, afinal ambos provinham de famílias muito humildes, que não tiveram dinheiro para os deixar estudar, e portanto ela para os seus pais era a continuação do que eles não tinham tido, faziam todos os sacrifícios por ela, mesmo não sendo pessoas abastadas, faziam os possíveis para que ela tivesse a melhor educação possível chegando a ponto de a trazerem em Coimbra num colégio interno para que ela recebesse os melhores estudos e até essa altura tinham-se sentido bastante satisfeitos, uma vez que ela tinha boas notas e os compensava dessa forma.
- Ah, o Miguel, - responde o pai da Margarida - é o rapaz novo que lá trabalha, pois, ele traz o almoço de casa, uma vez que não é daqui.
-Sim, já me tinhas dito – disse a mãe da Margarida
O jantar continuou, mas a Margarida já não estava concentrada na conversa dos pais, na sua cabeça começou a formar-se um plano, e se bem pensou melhor o fez, o seu pai alguns dias da semana não vinha almoçar a casa, mas isso ela já sabia desde o inicio, mas o Miguel não sabia, uma vez que era novo ali então ela podia fazer-se valer disso, e, poderia sempre ligar-lhe a perguntar pelo pai, uma vez que na hora do almoço não estava lá mais ninguém e portanto não corria o risco de outra pessoa atender, e assim começa a aventura da Margarida e do Miguel.


CONTINUA...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Hoje amanheceu um dia lindo aqui, mais parece um belo de dia de verao que de inicio de primavera 9H da manha quase 20º...

Um sol que metia inveja lá no alto, brilhando mais que um diamante em estado bruto



E, eu no meu carro, também ele coitado logo pela manha a morrer de calor, á frente de uma escola sem alunos e sem vontade nenhuma eu de se sair do carro, e o carro de ficar ali á torreira do sol, ainda pensei deixar-lhe uma garrifinha com agua para ele se refrescar



Mas o olhar de desespero que ele me lançou foi tao grande, tao grande, tao grande



Que eu acabei indo para casa preparar as coisas e passar um belo dia de praia.

Mas em casa foi a confusao total... Nao sabia que biquini havia de escolher (nao digam nada ao medico que me operou, mas eu supostamente este ano nao deveria usar biquini por causa das cicatrizes que se vao ficar a notar muitos) eu havia de ter comprado um fato de banho, mas nao sabia que o "verao" ia chegar assim tao depressa, portanto, biquinis em cima da cama e toca de escolher




Mas de repente lembrei-me que tinha um fato de banho que eu nunca tinha usado, vesti-me rapidamente, chapeu de sol, protector solar, toalha de banho, agua para me hidratar, umas sandochas e iogurtes para matar a gula durante o dia, a minha Belita, para quem nao sabe é a minha cadela e adora dar umas patadas nas ondas do mar, é cada mergulho que vcs nao fazem ideia



E pronto, carro carregado e lá fomos nós direitinhos á praia mais proxima aqui de casa, contentes todo o caminho a cantar, imaginem ate o meu carro ia todo contente por ir respirar aquele ar maritimo:



Imaginem que de tao contente o meu carro que era lilas, ate mudou de côr para vermelho.

Chegamos á praia, montamos o estaminé todo, chapeu de sol aberto, toalha estendida, garrafinha de agua e sandochas dentro da malinha termica, protector solar bem espalhado, e fomos ver a temperatura da agua... Toda a gente a olhar para mim, e com razao...:

Além de uma ancas e de umas banhas fenomenais eu parecia aquela da musica dos onda choc (quem é da minha geraçao lembra-se bem deste grupo), so que ela era um biquini as bolinhas amarelas, e eu era mais:

"É um fato de banho pequenino ás bolinhas Brancas, que eu vi numa loja ao pé da escola..."

De tanta vergonha, ate a minha Belita que é preta virou azul com bolinhas brancas



Pezinho na beira da agua, ali estive a aproveitar os momentos em que as ondas vinham beijar os meus pés, e aos poucos se iam tornando mais atrevidas, cheganco aos joelhos e por aí acima...

Tanta agitaçao chamou a atençao de alguem que ja devia estar a dormir á muitas horas ao sol, ou entao era um benfiquista daqueles ferranhos (sem ofensa aos benfiquistas que eu tenho em casa um) que ate na praia decide homenagear o seu clube ficando metade vermelho e outra metade branco, e levantou o olhar



A minha volta tudo virou coraçoezinhos a voar, conhecemo-nos, apresentamo-nos, e lá fomos passeando á beira mar




Partilhamos o almoço, o lanche, as sandochas e os iogurtes e o belo do garrafao de sangria que ele tinha trazido, os coraçoes á medida que o dia ia passando iam aumentando, aumentando, de tal maneira que as pessoas que tal como nós tinham ido á praia aproneitar o dia se tiveram de ir embora, era so amor espalhado pelo ar



O clima foi-se tornando cada vez mais romantico, o ambiente ia sendo cada vez mais torrido, os nossos corpos começaram a unir-se para um beijo apaixonado,




Os animais maritimos ja se sentiam cada vez mais assustados com as cenas que poderiam acontecer ali naquela praia, bichinhos inocentes, que se afastavam rapidamente de nós com tanta vergonha




E olhem sabem de uma coisa... estou sentada na minha sala de aula a teclar, sem alunos e a divertir-me á brava a escrever a historia




Espero que tenham gostado da minha primeira historia aqui neste espaçinho...

domingo, 10 de abril de 2011

Outro eu!

Alem da cozinha vcs ja devem ter percebido que eu adoro ler e escrever....

Este blog é uma continuaçao da Margarida, por vezes numa vertente mais seria, outras vezes numa vertente mais alegre!

Se tiverem disposiçao para ler... força, ca vos espero!!!!